terça-feira, 17 de março de 2015

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA





A identidade brasileira foi decorrente de um
 processo de construção histórica, como em 
diversos outros países. 
Apesar de ter se iniciado após a Independência,
 em 1822, o processo de constituição da
 identidade nacional ganhou um impulso maior,
 após a década de 1930, quando Getúlio Vargas 
chegou ao poder. 
A partir disso, pôde-se perceber que a construção 
da identidade, para além de um processo cultural, 
era também um processo político.
Os esforços para se constituir a identidade
 brasileira, que também é chamada de brasilidade,
 estão ligados à necessidade de uma coesão social
 que acompanhe existência de um Estado 
que administra todo o território nacional. 
Dessa forma, a manutenção de uma máquina 
administrativa comum a todo o território nacional,
 foi um primeiro passo na construção da identidade.
Contribuiu ainda para a existência da identidade 
nacional o fato de a língua portuguesa ser comum 
a todo o território, apesar de suas
 particularidades regionais. 
A língua seria então um elemento no conjunto de
elementos culturais comuns que são constitutivos 
da cultura nacional.
Porém, durante o Primeiro Reinado e o Período
 Regencial, não houve grandes avanços na 
construção da identidade nacional, a não ser
 a formação de forças repressivas militares,
 para garantir a ordem latifundiária e escravocrata
 em todo o território nacional.
Os conflitos separatistas provinciais das décadas
 de 1830 e 1840 eram um obstáculo à integralidade
 territorial e também à coesão social do país
 recém-independente.
A forma com que esses conflitos foram reprimidos,
 permite perceber que a violência repressiva do
 Estado contra conflitos sociais que pretendiam 
alterar a ordem vigente passou também a ser 
constitutiva da identidade nacional. 
A cultura da violência estatal permeou desde o
 início a formação da identidade nacional.
Ainda durante a Regência houve outros esforços
 nesse processo de construção identitária. 
A criação do Instituto Histórico e Geográfico
 Brasileiro em 1838 foi o primeiro passo na
 tentativa estatal de refletir sobre temas que 
estariam relacionados à nação brasileira.
Anos depois, no âmbito da Literatura, 
o surgimento do Romantismo buscou também 
contribuir com a construção dessa identidade. 
As obras de José de Alencar
 foram um exemplo de aliar a imagem da nação
 brasileira às suas belezas naturais, como também 
a mitificação do indígena como componente principal
 da nação brasileira. 
Esse trabalho literário e cultural buscava criar uma
interpretação genuinamente brasileira, afastada das
influências estrangeiras.
Apesar dessas tentativas de unificação de elementos 
culturais do que seria a brasilidade, a grande extensão 
do território nacional e suas diferentes formas de 
ocupação resultaram em uma diversidade de 
manifestações culturais regionais. 
A Proclamação da República e o federalismo instituído
na administração do Estado espelharam um
fortalecimento de movimentos culturais regionais, 
principalmente os ligados à decadente aristocracia 
das regiões não afetadas pelo crescimento econômico
de início do século XX.
Um exemplo foi o Manifesto Regionalista de Gilberto
Freyre, publicado em 1926.
Porém, ao mesmo tempo, houve esforços para a 
criação de símbolos culturais nacionais, como a
 mitificação da figura de Tiradentes como um herói
 libertador do Brasil. 
O Movimento Modernista da década 1920 buscava
também encontrar as raízes da sociedade brasileira,
afirmando o nacionalismo como um estágio para se
 chegar ao universal. 
Para alcançar essa pretensão, Mário de
Andrade realizou uma extensa viagem pelo Brasil, 
pesquisando, compilando e estudando os elementos que 
faziam parte da cultura brasileira.
Um esforço nacional estatal para a difusão de uma 
cultura brasileira comum iria se fortalecer após a 
Revolução de 1930. 
A chegada de Getúlio Vargas ao poder representou
um novo momento de centralização política, auxiliado
pela criação de instituições que pretendiam uniformizar 
práticas administrativas, como o Ministério do Trabalho
e a política de oferecimento de uma
 educação básica comum. 
Neste último caso, a padronização dos currículos
escolares buscava veicular um conteúdo nacional via 
processo educativo institucional, levando ainda a uma erradicação dos traços culturais das minorias étnicas
 que não eram aceitos como componentes identitários.
Vargas utilizou também os novos meios de
comunicação, principalmente o rádio, para difundir 
essa cultura nacional uniformizada. 
Passaram a ganhar contornos de representação
 cultura nacional o samba, o futebol e pratos culinários. 
No exterior, existiu também uma tentativa de criar 
uma imagem da cultura nacional, da qual Carmem
Miranda é a principal expressão.
Entre as décadas de 1940 e 1960, a construção da 
identidade nacional passou a ser realizada levando
 em consideração a luta contra o que era considerado 
uma influência colonial, do que era vindo da
 Europa ou dos EUA.
A partir da década de 1960, com a ditadura militar e
sua centralização autoritária e repressiva, aliadas à 
difusão da televisão pelos domicílios, um novo
 momento de difusão de elementos culturais
 foi conhecido. 
As telenovelas passaram também a auxiliar na 
exposição de práticas sociais consideradas 
expoentes da brasilidade.
Só que a partir desse período, a entrada cada vez 
maior do capital estrangeiro na economia e a
 apresentação de um ideal de modo de vida cada
 vez mais próximo do estadunidense influenciaram
 o processo contínuo de formação da identidade 
nacional, momento ainda vivenciado no século XXI



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