terça-feira, 7 de abril de 2015

IDENTIDADE CULTURAL





A identidade cultural é um conjunto vivo de relações 
sociais e patrimônios simbólicos, historicamente
 compartilhados que estabelece a comunhão de 
determinados valores entre os membros 
de uma sociedade. 
Sendo um conceito de trânsito intenso e tamanha 
complexidade, podemos compreender a constituição
 de uma identidade, em manifestações que podem 
envolver um amplo número de situações que vão desde
 a fala até a participação em certos eventos.

Durante muito tempo, a ideia de uma identidade
 cultural não foi devidamente problematizada no
 campo das ciências humanas. 
Com o desenvolvimento das sociedades modernas, 
muitos teóricos tiveram grande preocupação em 
apontar o enorme “perigo” que o avanço das 
transformações tecnológicas, econômicas e políticas
 poderiam oferecer a determinados grupos sociais. 
Nesse âmbito, principalmente
 os folcloristas defendiam a preservação de certas 
práticas e tradições.

Por outro lado, algumas recentes teorias culturais 
desenvolvidas no campo das ciências humanas
 desempenharam o papel inovador de questionar 
o próprio conceito de identidade cultural. 
De acordo com essa nova corrente, muito em voga
 com o desenvolvimento da globalização, a identidade
 cultural não pode ser vista como sendo um conjunto 
de valores fixos e imutáveis que definem o indivíduo
 e a coletividade da qual ele faz parte.

Um dos mais conhecidos exemplos dessa nova
 tendência que pensa a questão das identidades 
pode ser encontrada na obra do pesquisador
 Nestor Garcia Canclini. 
Em vários de seus escritos, este pensador tem a 
recorrente preocupação de analisar diversas situações 
nas quais mostra que a cultura e as identidades 
não podem ser pensadas como um patrimônio
 a ser preservado. 
Longe disso, ele assinala que o intercâmbio e a modificação
 são caminhos que orientam a formulação e a
 construção das identidades.


Com esses referenciais, antigos problemas que 
organizavam os estudos culturais perdem a sua força,
 para uma visão de natureza mais ampla e flexível. 
A antiga dicotomia que propunha a cisão entre
 “cultura popular” e “cultura erudita”, por exemplo, 
deixa de legitimar a ordenação das identidades por
 meio de pressupostos que atestavam a presença d
e esferas culturais intocáveis em uma mesma sociedade. 
Além disso, outras investigações cumpriram o papel 
de questionar profundamente o clássico conceito
 de aculturação.

Partindo dessas novas noções de identidade, antigos
 temas relacionados à cultura que aparentavam 
completo esgotamento ganharam um novo fôlego
 interpretativo. 
As identidades passaram a ser trabalhadas com 
definições menos rígidas. 
Diversos estudos vão contra a ideia de que
 uma população deve abraçar a sua cultura e
 garantir todas as formas possíveis de cristalizá-la. 
Dessa forma, presenciamos a abertura de novas
 possibilidades 
de entender o comportamento do homem 
com seu mundo.
Rainer Sousa



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